quinta-feira, 5 de maio de 2011

O dois-pontos

Na Idade Média, quando a pontuação ainda tinha a função de orientar a leitura em voz alta, o dois-pontos correspondia a uma pausa moderada, com uma elevação da voz que informava aos ouvintes que a frase ainda não tinha terminado, pois o que viria em seguida era a metade que estava faltando para que a ideia ficasse completa.

Embora tenha ocorrido uma mudança radical no objetivo da pontuação - que passou a desempenhar uma função exclusivamente sintática - o dois-pontos continua a avisar o leitor de que existe uma ligação lógica entre o que acabamos de dizer e a informação suplementar que vamos fornecer em seguida. Essa informação adicional contida na segunda parte da frase pode ser uma causa, uma consequência, uma análise, uma síntese ou uma exemplificação da primeira.

Por causa da representação gráfica deste sinal, houve quem o comparasse a um portal que convida o leitor a continuar - ou, na metáfora mais comercial, a um aviso de que ainda falta entregar uma parte da mercadoria. O fato é que o seu emprego dá ênfase especial a tudo o que vier DEPOIS dele, pois deliberadamente chama a atenção do leitor para aquilo que vai ser mostrado. Ele pode introduzir praticamente qualquer coisa: uma palavra, uma oração, uma citação ou uma lista (como acabei de fazer).

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